Mundo dos Recados


sábado, 21 de fevereiro de 2009

Testemunho

Recentemente, tive a dolorosa experiência de perder um filho por aborto espontâneo. Apesar de espontâneo, amarguei o sabor da culpa por algum tempo, porque sempre se acha que algo, ainda que involuntário, tenha sido fator contributivo. Confesso que a gravidez não havia sido planejada, porque, de fato, não sou casada.E como se não bastasse, o meu noivo (agora ex-noivo) não aceitou a gravidez e, portanto, abandonou-me, literalmente, uma vez que voltou para nossa cidade de origem, deixando-me sozinha na cidade onde estou residindo a trabalho.
Por outro lado, tenho emprego fixo, ou melhor: sou funcionária pública concursada. E, desse modo, preocupações com questões financeiras, ainda que existentes, foram as menos significativas no momento.
A partir da minha experiência, acredito que muitos outros fatores são capazes de interferir na decisão de prosseguir ou não com uma gravidez. E todos se levantaram contra mim naqueles curtos, porém intensos, três meses. Confesso que se não fossem convicções profundas quanto: a) reconhecer-me como um ser absolutamente responsável por aquele acontecimento; b) considerar que uma gravidez é fruto de um ato e não obra do acaso (muito menos fruto do Espírito: esse só Jesus Cristo); c) acreditar ser Deus o Autor da vida e, como tal, O único capaz de legislar sobre a vida; d) estar convicta de que nenhuma folha cai sem Sua permissão; e) estar consciente de que aquela criança (que crescia no meu ventre) era um ser absolutamente inocente e, portanto, era o último que deveria ser penalizado ao ponto de pagar com sua própria vida por um ato do qual era, tão somente, fruto e não agente. Por fim, por estar convicta de que o aborto é um ato mais que ilegal (até porque poderá ser legalizado a qualquer momento); é um ato de extrema arrogância e covardia, é que fui incapaz de alimentar a idéia de interromper a gravidez, ainda que esta se apresentasse como uma alternativa mais que viável: possível. Explico-me: Considero o aborto um ato de arrogância porque acredito que quem pratica ou incentiva o aborto o faz por considerar a mulher como dona do próprio corpo. No entanto, esquecem de considerar que o feto é um alter corpo; ele, simplesmente, depende do corpo da mãe; não é uma extensão do seu corpo e, como tal, não faz parte do seu corpo.
Considero o aborto um ato de covardia porque acredito que quem pratica ou incentiva o aborto revela, ainda, a mais desumana das fraquezas: aquela que nos torna incapazes de suportar - e por que não dizer? - amar as conseqüências dos nossos próprios atos. A minha gravidez estava sinalizando para uma mudança inesperada e abrupta em todas as áreas da minha vida, inclusive, a conquista do título de mãe solteira.
Eu, certamente, a teria interrompido se não fosse, além das citadas convicções, algo muito simples: a certeza de que Deus é Deus e eu sou apenas eu. Logo, se meu filhinho morreu, foi por permissão do mesmo Deus que me deu. A partir do que vivi estou certa de que o que torna uma mulher capaz de acolher com todo o seu ser - e não apenas com o ventre - a presença de um ser que veio de onde, por onde e para onde só Deus sabe, é um dom mais que precioso em tempos, como os nossos, cheios de terror: é o Dom do Temor. Porque, sem dúvida alguma, inúmeras razões, da mais fútil a mais coerente que vão desde "o que as pessoas vão dizer?"; "será que vou ficar cheia de estrias?", "o que será que meu filho vai comer?", "que futuro o meu filho irá ter?", "o que ele vai ser quando crescer?", norteiam a cabeça de qualquer mulher humana sob quaisquer circunstâncias.
Se estas questões não forem consideradas sob a ótica do temor ao Senhor, são capazes de transformarem-se em razões suficientes para justificar aquilo para o qual não há justificativa. Só quem teme a Deus é capaz de ponderar a partir da perspectiva de que ao homem - que veio do pó e a ele retornará - não lhe foi dado o direito de optar sobre sua própria vida, tampouco sobre um sopro de vida. E é justamente essa ausência de temor ao Senhor que faz aumentarem as especulações e crescerem as estatísticas.
Mas a verdade é simples: para o aborto não há justificativas.
Fernanda Maria Fernandes Funcionária Pública - Alagoas
Testemunho recebido por e-mail.

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