Mundo dos Recados


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Unidade na Igreja


No número 20 do Documento 53 da CNBB sobre a Renovação Carismática Católica no Brasil há uma frase que serve para todos os movimentos, sem exceção, e não apenas para a RCC.

-Nenhum grupo da Igreja deve subestimar outros grupos diferentes, julgando-se ser o único autenticamente cristão.
Porque foi preciso que a CNBB, já em l994, inserisse tal artigo num documento? Porque, se não tomarmos cuidado, nos deixaremos levar por alguns líderes, em qualquer grupo ou movimento, que falam como se não precisássemos da contribuição dos outros. Isolam-se nos seus escritos, nas suas canções e nos seus mestres de tal forma que acabam mentalizando os seus membros contra a fala e o jeito dos outros anunciarem Jesus.
O discípulo daquele grupo nunca mais lê nem escritores, nem teólogos, nem documentos que não passem pelo seu crivo. A Igreja pode aprovar, mas se os seus líderes não aprovam nada feito! Passam a ter medo da contaminação secular dos outros grupos. No fundo é porque se julgam mais eleitos!
Fazem como o jovem João que, vendo um homem expulsar demônios em nome de Jesus, ele e seus colegas lho proibiram, porque não achavam que alguém de fora tivesse esse direito... ( Mc 9,38-39)
Não nos lembramos que lá, onde fomos encher o nosso tanque há muito mais água para qualquer outro grupo encher o dele. Podemos todos estar plenos do Espírito Santo, mesmo que nosso carro pipa seja diferente do carro pipa dos outros. Nem podemos dizer quem armazena mais, porque as medidas do uso da graça não estão no número de fiéis arrebanhados, mas na capacidade interior das pessoas. Olhos humanos não conseguem mesurar a medida da graça de Deus nos outros.
A auto-suficiência é uma tentação permanente que ronda todos os grupos da Igreja. Porque ler os teólogos dos outros se já temos os nossos? Porque os livros deles se já temos os nossos? Porque as canções e os cantores deles se já temos os nossos? Porque irmos lá, se eles podem vir aqui? Daí ao fechamento e ao sectarismo é um passo.
Aconteceu com muitos grupos de igreja e pode acontecer com qualquer outro. A nossa sopa pode até ser boa, mas experimentar as dos outros pode ser uma agradável descoberta. Algumas delas são até mais saborosas e substanciosas do que a nossa. O antídoto contra a auto-suficiência é a humildade recomendada pela CNBB.
Leiamos os teólogos dos outros, os livros dos outros e os documentos do outros. A luz de Deus, da qual precisamos, pode ter descido sobre os pensadores deles e talvez não desça sobre os nossos pensadores. Mas o que foi dado a nós e a eles pode enriquecer a todos, desde que tenhamos a humildade do intercâmbio.
Se não somos capazes disso, então não falemos de unidade. Ela supõe a capacidade de aprender com os outros iluminados. Por que razão Deus tem que acender a nossa vela, se já acendeu a do outro? Curvemo-nos e peguemos um pouco da luz que ele pôs-nos outros. Um dia eles se acenderão na nossa! Cristianismo é isso. O resto é seita ou dissidência!

Fonte: Pe. Zezinho, scj 24/10/2008

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